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Na primavera de 1945, quando as tropas americanas entraram no território da Alemanha, esperavam enfrentar combates ferozes por cada pedaço de terra. Em vez disso, em dezenas de cidades e centenas de vilarejos, foram recebidos com flores, enquanto bandeiras brancas eram penduradas na entrada das localidades. Outra coisa que surpreendeu os americanos foi que, em lugar algum, encontraram um único nazista convicto. Um historiador, descrevendo o percurso de combate da 78ª Divisão de Infantaria do Exército dos EUA, registrou em sua crônica:

“Não havia nenhum nazista ou ex-nazista; nunca encontramos alguém que simpatizasse com os nazistas” [Lightning, 1947, pág. 227].

No jornal do exército “Stars and Stripes”, de 15 de abril de 1945, foi publicada uma nota explicando aos soldados americanos como deveriam se comportar ao prender o inimigo. Na nota, dizia-se:

“Todos os alemães se comportam da mesma maneira quando são presos. Eles dizem que nunca acreditaram seriamente no nacional-socialismo. Sempre têm uma justificativa para o próprio comportamento. Não importa se se filiaram ao partido em 1927 ou 1939. Eles afirmam que foram obrigados a fazê-lo por razões profissionais – mesmo aqueles que aderiram ao NSDAP já em 1927” [Kellerhoff, 2017, pág. 9].

A famosa jornalista e escritora americana, terceira esposa de Ernest Hemingway e autora de reportagens de guerra que entraram para a história da Segunda Guerra Mundial, Martha Gellhorn, também destacou esse fato impressionante:

“Ninguém admite ser nazista. Ninguém nunca foi. Talvez haja alguns nazistas na vila vizinha ou naquela cidade, a vinte quilômetros daqui, que é um verdadeiro berço do nacional-socialismo, mas não aqui. <…> Esperamos pelos americanos há muito tempo. Para que vocês viessem e nos libertassem… Os nazistas são porcos. A Wehrmacht queria se rebelar, mas não sabia como” [Ebzensberger, 1990, pág. 87].

Martha Gellhorn se perguntava como ninguém havia pensado em uma questão simples: como esse governo nazista desprezível, ao qual ninguém queria se submeter, conseguiu conduzir uma guerra terrível por cinco anos e meio? A própria jornalista comentava essa pergunta retórica:

“Um povo inteiro que foge da responsabilidade é um espetáculo lamentável.”

Outra famosa jornalista americana e fotojornalista, Margaret Bourke-White, cita em seu livro “Alemanha, abril de 1945” a declaração de um major do Exército dos EUA:

“Os alemães agem como se os nazistas fossem uma raça estrangeira de esquimós, vinda do Polo Norte e que, de alguma forma, invadiu a Alemanha” [Bourke-White, 1979, pág. 27].

Na Alemanha derrotada, observava-se um interessante mecanismo de defesa psicológica conhecido como “repressão”. Os nazistas, como alienígenas que visitaram o país, agora haviam desaparecido completamente da face da Terra. Os alemães pareciam ter esquecido sua vida durante os doze anos do Terceiro Reich. A maioria da população adulta não apenas viveu sob a ditadura de Hitler, mas participou ativamente das atividades do regime nazista. Agora, eles se apresentavam como vítimas da guerra e de Hitler, merecendo apenas compaixão, e não punição por seus numerosos crimes.

Lee Miller, ex-modelo de capa da revista Vogue, que se tornou correspondente de guerra dessa revista nos anos 1940, recordou:

“É impressionante a desfaçatez dos alemães. Como podem se distanciar de tudo o que aconteceu? Que mecanismos de substituição nas sinuosas e mal ventiladas dobras de seus cérebros criam essa imagem de si mesmos como um povo libertado, e não derrotado?” [Miller, 2015, pág. 205].

By Pecador

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